SÃO PAULO - Manter as finanças em ordem está entre os principais
desafios dos consumidores. Mas sair do vermelho, se livrar das dívidas e ter
uma sobra financeira ao final do mês não é impossível. A dica do consultor
jurídico e autor do livro “Dívidas? Tô Fora!, Ronaldo Gotlib, é pensar nas suas
despesas e receitas como se você fosse uma empresa.
“Se o consumidor tiver o espírito de uma empresa, consegue ter mais
sucesso com suas contas”, diz Gotlib. Na prática, para ter controle absoluto
das contas, é preciso colocar no papel todos os seus gastos diariamente. Isso
será importante, pois o que destrói o orçamento de qualquer um são os gastos
variáveis e os inesperados.
Os desembolsos com aluguel, financiamento de imóvel e automóvel, com as
contas de água, luz, telefone e escola dos filhos são gastos muito claros e
previsíveis, ou seja, já temos fixado em nossas mentes que, no durante o mês,
teremos de lidar com eles. Mas os demais gastos, que ocorrem independentemente
dos nossos planos, nem sempre são considerados e são justamente eles que podem
atrapalhar tudo.
Gastos diários
No meio do mês, foi preciso trocar um pneu ou o consumidor resolveu
comprar um aparelho eletrônico ou ainda foi a um evento e gastou mais do que
devia; se ele não ir computando os gastos diariamente, possivelmente vai se
deparar com uma situação complicada ao final do mês. É por essa razão que o
educador financeiro aconselha realizar uma planilha diária, que considera todos
esses desembolsos.
Boa parte dos consumidores não faz essa planilha, pois acredita que dará
trabalho e consumirá muito tempo. Porém, o trabalho maior ocorrerá apenas no
primeiro momento, quando você se senta para elaborar a planilha. Depois disso,
só será preciso ir alimentando seu banco, com os gastos diários.
Isso dará uma visão do todo, e, principalmente, permitirá a você ter
mais controle da sua vida financeira. “As pessoas não têm a verdadeira noção da
sua realidade financeira”, diz Gotlib. Ou seja, se por um lado sabem muito bem
quanto vão receber no final do mês, por outro lado, dificilmente sabem
exatamente quanto desembolsaram no mesmo período.
Parcelas e mais parcelas
Se você recebe R$ 3 mil por mês, mas parcelou a compra de um item em
cinco vezes de R$ 200, você não pode mais considerar que terá ao final do mês
aqueles R$ 3 mil. Você terá de trabalhar com R$ 2.800. Isso, porém, não é tão
automático, ou seja, se o consumidor não coloca no papel que, durante
determinados meses, uma parcela da sua renda mensal estará comprometida, ele
vai continuar considerando que terá os R$ 3 mil iniciais.
O parcelamento pode causar uma grande confusão e atrapalhar bastante.
Isso porque, em alguns meses, o consumidor tem um determinado número de
parcelas e, em outros, não tem nenhuma. “A questão das parcelas é muito
complicada, porque as pessoas só consideram o primeiro pagamento e esquecem que
os demais também vão comprometer sua renda”.
Curto e de longo prazo
É importante ter um pensamento de curto e de longo prazo, e isso só é
possível por meio de recursos como a planilha. “Quando a pessoa sabe o quanto
ela ganha e o quanto ela deve, aí sim ela consegue raciocinar corretamente”. O
problema, portanto, não é o ato de parcelar, mas acumular as parcelas e
esquecer que elas vão comprometer sua renda por um tempo.
Assim, o primeiro passo no sentido de ter controle total das suas contas
é levantar sua receita e as despesas fixas. Depois, passar a anotar todos os
gastos variáveis e inesperados diariamente, olhando, inclusive para o futuro.
Ou seja, como as parcelas vão comprometer sua renda.
O controle
“À medida que você passa a ter esse controle, você começa a ter uma
sensação de prazer, sentindo-se dono de sua vida financeira”, diz o educador.
Ele ainda ressalta que é a partir desse momento que o consumidor pode pensar em
investimentos e em poupar, por exemplo.
Lembre-se que os principais motivos que fazem com que os brasileiros se
percam nas suas finanças são basicamente três: educação, oferta de produtos e
de crédito. O tema educação financeira nunca foi muito forte no País. Junta-se
a isso o aumento da oferta de produtos das mais variadas marcas e categorias.
Por fim, a facilidade de crédito contribui bastante para os consumidores
viverem de forma alavancada, finaliza o educador.
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